quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Eu sou mal educado.

A falta de educação é de quem defende seu espaço e reclama de invasores, ou invasores é que são deselegantes?

Devemos, em nome de nossa boa educação, aceitar os que invadem as calçadas e, educadamente, desviar? Ou serão eles que não receberam educação e devem ser corrigidos?

É sensato sorrir e, com educação, agradecer cada ambulante que nos força a parar o que estamos fazendo para nos mostrar produtos sem valor, e dizer que não estamos interessados? Ou eles é que, nas ruas, nas praias, nos bares e restaurantes, não sabem se comportar e acreditam que, assim, venderão mais?

É normal aguentar fumaça de cigarro em ambientes fechados, para não sermos mal educados? Ou aqueles fumantes é que deviam se tocar e... Escolher outro lugar?

É educado aguentar músicas de gosto duvidoso em volume máximo, à porta de casa ou em frente ao trabalho? Ou estes exibicionistas e autoritários da cultura vulgar é que deveriam voltar aos bancos escolares?

Pois é. Se reagimos, estes invasores já estão prontos para nos ameaçar e dizer:

- Nossa, se eu soubesse que o senhor seria tão mal-educado nem teria oferecido...

Ou:

- Você nem pediu "por favor"!

Ou, ainda:

- Os incomodados que se retirem...

Uma senhora nos abordou, na praia, apoiou sobre nossa mesa uma caixa imensa, pediu licença e, antes que disséssemos "não", foi retirando pequenas embalagens e colocando-as sobre a mesa. Atrapalhou a conversa, o descanso, o sossego. Mal educada. Sem dúvida, muito mal educada. Reagi, em defesa do bom senso e de tudo que tenho ensinado sobre abordagem de clientes, turismo sustentável, persuasão:

- Desculpe, mas não lhe dei licença. A senhora está invadindo nosso espaço e não tem direito para isso.

- Mas o senhor está sendo muito mal educado! Eu tenho o direito de mostrar meus produtos!

Uma inversão ridícula de valores. Ela realmente acreditava naquilo. As pessoas no guarda-sol (é assim que se escreve, na nova gramática?) ao lado solidarizaram-se com ela, identificando-se com seu nível cultural. Sucesso. Ela vendeu quase tudo a eles.

E eu, quem diria, mal educado...