sábado, março 28, 2009

Casa sustentável: até quando será mais cara?

A notícia incomoda. Uma casa planejada para poupar o planeta custa 30% a mais. E o motivo é muito simples. Economia de escala somada à total ausência de incorporação dos custos ambientais nos materiais e processos construtivos tradicionais. Eu explico.

O que teria de diferente uma casa "ecológica"?

- Energia e água teriam seu consumo reduzido, com a mesma eficiência. Luz natural, equipamentos que gastam pouca energia, energia solar, ventilação e climatização natural, coleta de água de chuva, reúso de água, descargas sanitárias com baixo consumo de água...

- Materiais fabricados com baixo consumo de energia. Tijolos curados sem queima, madeira de reflorestamento, tintas naturais sem química, painéis divisórios e forros à base de materiais reciclados.

- Estilo, cores, materiais que respeitam a cultura local.


Pois é. Estas maravilhas custam mais caro do que os meios convencionais. Primeiro, porque a demanda ainda é pequena e empresas não se interessam em investir. Segundo, porque os "meios convencionais" não expressam seu custo real e competem de forma injusta com materiais e processos benéficos ao meio ambiente. Por exemplo: todos os materiais que, de alguma forma, incluem petróleo em sua fabricação, deveriam incluir em seu custo -e preço- o valor gasto pelos governos para construir aterros sanitários e tratar lixões devido ao acúmulo de plástico e outros produtos não reciclados. Os preços dos materiais que utilizam algum tipo de queima deveriam incluir o custo de hospitais e tratamento de doenças respiratórias. Materiais e processos de grande consumo energético deveriam compor seu preço considerando o custo de construção de usinas hidroelétricas e a emissão de carbono causada pela submersão de biomassa (vegetação, no caso).

Há muitos outros exemplos. O certo é que devemos buscar formas de incentivar a utilização maciça de materiais e processos benéficos ao meio ambiente e nada como utilizar a linguagem universal da economia para isso.

O custo ambiental deve, então, ser calculado e incorporado aos produtos. Os ecológicos serão mais competitivos, aumentará sua demanda, as indústrias se adaptarão e investirão e, pela economia de escala, ficarão mais... Baratos!

Apenas assim as casas sustentáveis serão mais acessíveis e atraentes à maioria da população!