quinta-feira, julho 23, 2009

Aprendendo com o esporte

Durante vários anos fui aluno de um excepcional professor de tênis. Ele era argentino, muito falante, mas brilhava pela didática. Além das indispensáveis aulas técnicas, com incansáveis repetições -saque, esquerda, direita, slice, top spin, smash...- ele ensinava tática.

Seriam inúmeros os exemplos, mas o mais interessante vale para toda a vida.

-Você errou. Errou feio. A bola pegou na fita, fez aquele barulhinho típico, e, teimosa, caiu do seu lado da quadra. Ponto para o adversário. O que as pessoas fazem? Ficam remoendo e visualizando sem parar a imagem da bola batendo na fita e caindo do lado de cá. O que você deve fazer? Apagar da memória aquele lance. Acabou. A bola caiu, então vai começar um novo lance, com milhares de possibilidades. Se conseguir, até, visualize a bola passando, certinha, caindo onde deve cair...

Ele dizia que, inclusive, estatisticamente, um erro nosso cria uma possibilidade maior de um acerto na próxima jogada. Ele mostrava no quadro:

- Você vai acertar, digamos, 60% das bolas. E errar os restantes 40%. Se você errou uma bola, é como se tivesse gasto um erro previsto. Maior a chance, então, de, na próxima, acertar!

E completava:

-Da mesma maneira, se o seu adversário conseguiu acertar uma bola impossível, aquela dificílima, no canto, no fundo, fique tranquilo. Às vezes ele acerta uma dessa por jogo. Foi aquela. Ele vai errar as próximas. Não se diminua perante aquele acerto.

Sim, a gente fica se martirizando com momentos ruins que teríamos vivido e deixamos de iniciar uma "nova jogada", com mais atenção, com mais experiência, com mais envolvimento, na vida. O sucesso do outro tende a nos fazer sentir menores do que somos, mas todos erram de vez em quando, mesmo aquele outro que teria alcançado sucesso, mas continua falível, humano...

Os outros não deveriam ser nossa referência. Nós somos nosso maior adversário. Nossos limites é que devem ser alcançados. Tanto que aquele técnico dizia que devemos olhar para a bola, que é com o que temos contato, e, não, a pessoa do adversário.

Match Point!