domingo, dezembro 20, 2009

COP 15: não importa a causa, estamos em perigo...



Agora que passou a conferência, a poeira está começando a assentar e nós podemos refletir. Sim, há muita ênfase na questão dos motivos reais das mudanças percebidas em certos aspectos do clima. O gelo do ártico derrete. Temperaturas maiores, em média, já são registradas. Há mais tormentas, a Grande Barreira de Corais na costa da Austrália perde vida com as maiores temperaturas da água marinha, rios perdem volume, da Amazônia às regiões subtropicais... Mas é devido à ação humana?

Não importa.

Em primeiro lugar, é interessante perceber grandes líderes (?) mundiais com as mesmas dificuldades de síndicos de condomínios de classe média, ou vereadores de pequenas e grandes cidades por aí afora. Estive próximo a diversas Câmaras Municipais nos últimos 10 anos e, realmente, é muito parecido. Lembro sempre da história que me contaram sobre certa característica de árabes, mas que se aplica a qualquer humano: ele briga com seu irmão, mas une-se a ele para brigar com seu vizinho. Briga com o vizinho, mas estão juntos para atacar moradores de outros bairros. Estes transformam-se em parceiros, se os inimigos são de outra cidade. Moradores de duas cidades lutam lado a lado contra interesses de outros estados. Juntos, cidadãos de todos os estados de um país, que antes eram sérios oponentes, descobrem laços fortíssimos ao enfrentar exércitos de outros países.

Mas, e agora? Onde está o inimigo comum para unir aqueles líderes? A ameaça ao planeta não tem um emissor palpável, não tem sede, nem exército. A ameaça, ainda, pode ser os próprios moradores do planeta...



Em segundo lugar, para mim o grande, o supremo problema do planeta é a superpopulação. Se ela é a causadora do suposto aquecimento, ou das alterações na dinâmica do clima, não importa. Ela causa, sim, o esgotamento dos recursos naturais. Causa, também, o choque de realidades e a intolerância. Causa a fome, a má distribuição de riquezas, a cegueira perante necessidades de semelhantes. Degrada, através da desenfreada geração de esgoto e lixo, os recursos hídricos e aumenta o risco da disputa pelo líquido precioso, a água potável. Causa a ansiedade de "se dar bem" antes de todos, já que "tudo está perdido, mesmo".



Em terceiro lugar, essa história de emissão de carbono. Sim, ela é real. Queimamos combustível com nossos veículos, inclusive aviões. Isso é emissão direta. Aceitamos desmatamento, pois compramos produtos de madeira sem certificarmo-nos de sua origem; desperdiçamos, ridiculamente, energia elétrica com nossos chuveiros elétricos e geladeiras abertas ou mal fechadas; consumimos carne de gado criado em confinamento e alimentado com rações (produzidas às custas de áreas imensas desmatadas para plantio) que os fazem, sim, produzir e emitir metano e contribuir com 25% das emissões de GEE, os gases efeito estufa. Entupimos lixões e raros aterros sanitários com matérias primas e material orgânico que poderiam ser aproveitados. Isso que fazemos é emissão indireta. Estas emissões são causa de algo significativo? Muitas, a maioria, das pesquisas dizem que sim. Algumas dizem que não. Mas, claro, de novo: não importa. Faz sentido, agora, não arriscar e iniciar mudanças no "jeito de viver". Energia "limpa", ou renovável, ou, ainda, que não degrada recursos naturais, é realidade possível. Por que não investir nela? Deixemos os debates "científicos" e mudemos nossa maneira de consumir. Por que alagar áreas imensas, deslocar comunidades, submergir fauna e flora, para imensas hidroelétricas para atender um consumo desenfreado, se isto pode ser evitado? Não é lógico? Como evitar? Energia inteligente! Hidrogênio, solar, eólica, termoelétricas acionadas pela queima do lixo e aproveitamento das cinzas...

Mas, nossos "líderes" (entre aspas, porque não agem como tal) atuam como síndicos inexperientes ou vereadores defendendo o asfalto da rua em que moram, ou uma obra para contratar uma empreiteira do cunhado...

De Obama ao "o cara", de Ahmadinejad a Chavez, fizeram um "acordo" pífio. Não que este acordo fosse tããããão importante, mas, pelo menos agiriam como naquela suposta história dos árabes. Unidos contra... Contra o quê, mesmo?!